Sabe como foi o panorama macroeconómico no 3º trimestre de 2022?

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Politica monetária mais restritiva dos Bancos Centrais

Depois de um início de trimestre bastante positivo e animador para os investidores, com julho a ser o melhor mês do ano em todas as classes de ativos, a 2ª metade de agosto e o mês de setembro acabaram por revelar-se negativos. O presidente do Banco Central americano, Jerome Powell, no simpósio Jackson Hole, foi bastante assertivo no seu discurso, afirmando que os EUA precisam de aperto monetário “durante algum tempo” para controlar a escalada dos preços dos bens e serviços. Consequentemente, a FED subiu as taxas de juro em 75 pontos base, na sua reunião de setembro.

Do outro lado do atlântico, o BCE, na sua reunião de setembro, seguiu o mesmo padrão, aumentando as taxas de juro em 75 pontos base, para “fazer face à crescente inflação”.

Em suma, os Bancos Centrais, dos dois lados do Atlântico, adotaram uma política monetária mais restritiva no 3º trimestre do ano. O Banco Central americano subiu em 1,5% as taxas de juro, enquanto o BCE aumentou as taxas de juro diretoras, em 1,25%. Face a estes movimentos, o mercado espera agora que as taxas aumentem para 4,5% e 2,25% nos EUA e Zona Euro, respetivamente, até ao fim de 2022.

Dados macroeconómicos na Europa

Os números do PIB mostraram que a economia da Zona Euro cresceu 0,7% em termos trimestrais, no 2º trimestre. No entanto, os indicadores prospetivos sinalizaram um enfraquecimento da economia. O PMI (Índice de encomendas na atividade industrial e serviços) da Zona Euro foi de 48,2, o que representa um 3º mês consecutivo abaixo dos 50. Uma leitura abaixo de 50 indica contração, enquanto que acima de 50 indica expansão.

Em Portugal, o Banco de Portugal reviu em alta (cerca de +1,9%), a previsão da taxa de inflação para 2022, para 7,8%, o nível mais elevado desde 1993. Já no que diz respeito ao crescimento da economia, o Banco de Portugal espera agora que este dado se situe nos 6,7%, quando, em junho, estimava um crescimento económico de 6,3%.

Crise energética na Europa

Outro acontecimento relevante em agosto foi a continuação de uma subida acentuada nos preços de referência da eletricidade, apesar de uma diminuição do preço do gás natural. Já em setembro, a crise energética continuou a dominar as atenções dos investidores e dos cidadãos europeus, com a Rússia a interromper o abastecimento de gás, através do gasoduto, Nord Stream 1.

O centro de estudos económicos, Bruegel, estima que, entre setembro de 2021 e setembro de 2022, os países europeus já gastaram €529 mil milhões em medidas para fazer face à crise energética. Este valor representa o dobro do nível registado em agosto, onde os gastos se fixavam em €280 mil milhões.

Ainda assim, aquele que tinha sido descontado como o pior cenário para a Europa, não originou novos máximos nos preços do gás que, depois de ter atingido mais de €300 euros por megawatt/hora em agosto, caiu de novo para cerca de €200 no final do trimestre.

4º trimestre: O que esperar dos Bancos Centrais?

O que resta do ano pauta-se por um calendário macroeconómico recheado de eventos, com os diferentes Bancos Centrais, a nível mundial, a tomar decisões relevantes em relação às taxas de juro.

Ao entrarmos no 4º trimestre, os decisores políticos irão continuar empenhados em reduzir o impacto da crise energética nas famílias e empresas. Os Bancos Centrais, confrontados com o maior choque inflacionista desde os anos 70, terão como prioridade a luta contra a inflação, como tem vindo a ser referido pelos seus membros.

Fontes: BCE, Banco Central Americano, Reuters, Bloomberg, JP Morgan, Banco de Portugal, jornal ECO

Este texto não constitui uma recomendação nem consultoria para investimentos. A Dolat Capital presta consultoria para investimentos de natureza específica aos seus clientes, tendo por base, entre outras, o seu perfil de risco e objetivos financeiros. Rendibilidades passadas não constituem uma garantia de rendibilidades futuras.

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